Uma pesquisa que acaba de chegar às páginas da revista científica "Nature" ataca a ideia de que as cerca de 7.000 línguas do planeta possuem certos traços profundos que seriam comuns.
A equipe liderada pelo neozelandês Russell Gray diz que a evolução dos idiomas é um negócio de família.
"Família" no sentido linguístico do termo, claro. Certas línguas são membros de um grupo, originado a partir de um ancestral comum. É o caso do português, do espanhol e do francês, todos descendentes do velho latim.
Contudo, para certos linguistas, haveria características universais na estrutura das línguas, que transcenderiam o nível das famílias.
Um exemplo disso seria a ocorrência conjunta, nas frases, de certos tipos de ordem de palavras.
No português, por exemplo, o normal é tanto o verbo vir antes do objeto ("chutar a bola") quanto a preposição vir antes do substantivo ("no gol"). Se a ordem se invertesse num dos casos, também ficaria invertida no outro (com verbo e preposição vindo depois, digamos).
Ao analisar mais de um terço das línguas do mundo, porém, Gray e companhia viram que essa correlação só acontecia no interior das famílias linguísticas, ou seja, quando havia relações de parentesco claras entre os idiomas.
Fonte: Folha.com - 14/04/2011
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